Eu também sou humano, não precisas disfarçar
essa dor no teu engano, esse medo de quebrar.
Há dor nesse sorriso, há medo no olhar,
uma dor que te pesa, esse medo de errar.
E eu vi o mundo, esse mundo, belo mundo,
Nas cores que o céu pintava em azul profundo,
No canto das aves, livres no ar,
Na dança das ondas, que vêm e vão no mar.
Vi o sol nascer, em seu brilho dourado,
Como promessa de um dia encantado,
E as flores abrindo, num balé sereno,
Vestindo os campos com seu perfume ameno.
Mas também vi a sombra, o peso da dor,
Onde o riso é raro, sufocado no torpor,
O grito mudo de quem tanto sonhou,
E o caminho incerto de quem já chorou.
E ainda assim, nesse mundo, belo mundo,
Há o pulsar da vida, eterno e fecundo,
No amor que renasce, nas mãos que se dão,
Nas estrelas que brilham, no eco da canção.
Porque o mundo, esse mundo, é sempre assim,
Mistura de começo, meio e fim,
Um ciclo que gira, em caos e em paz,
Onde a beleza e a dor caminham lado a lado, fugaz.

Afghan girl | © National Geo-Graphic